facebook instagram pinterest youtube
  • Home
  • Bio
  • Curso de Escrita
  • Conteúdo Gratuito
    • Planner de Escrita
    • E-book sobre escrita
  • Substack
    • Café com Escritores
    • Notas Esquecidas

Desde a infância, dependendo de onde você nasce, somos ensinados culturalmente a aceitar a mediocridade.

Quero trazer isso para o aspecto de crescer em um ambiente de escassez , que é o que posso trazer da minha própria experiência.

A mediocridade é uma cultura. Ela se torna quase um estilo de vida.

Obviamente, ela está intrinsecamente ligada à educação das pessoas que vivem em contextos de escassez, muito associada à pobreza. Essa educação é transmitida de pais para filhos sem que percebam, não há intenção de ensinar a escassez ou a mediocridade, mas isso acaba acontecendo automaticamente, como parte da herança cultural.

Gostaria de abordar, dois conceitos:

O primeiro é a mediocridade emocional, que tem a ver com aceitar pouco — aceitar receber o mínimo e não acreditar que se merece mais. É quando você se acomoda diante do que tem, como se não houvesse a possibilidade de conquistar algo melhor. Esse é o primeiro conceito, e vamos tratá-lo separadamente.

O segundo é a mediocridade intelectual, que acontece quando a pessoa acredita que não precisa adquirir mais conhecimento. Para ela, a ignorância está confortável o suficiente. Não há curiosidade, nem vontade de aprender algo novo. Vive-se no automático, simplesmente existindo.

Agora, eu quero me aprofundar nesses dois conceitos para que você entenda melhor o que quero dizer com “mediocridade”.

1. A mediocridade emocional

Essa mediocridade tem a ver com o post que escrevi sobre o não merecimento. É justamente o fato de não questionar o próprio valor, de achar que não merece tanto, que está tudo bem aceitar pouco, que “você não é tudo isso”.

Dentro de uma cultura de escassez, existe uma grande falácia: a de que uma pessoa que tem autorrespeito e entende o seu valor é egocêntrica. Quando alguém começa a se valorizar, a se posicionar e a colocar limites, logo é taxado de egoísta.

Esse tipo de conduta social faz com que a pessoa se oprima, se reprima, se restrinja e passe a acreditar que realmente não merece tanto assim. Afinal, se todos dizem que almejar mais é sinal de egoísmo, então o “certo” seria se contentar com pouco.

E é aí que nasce a mediocridade emocional: quando a pessoa aceita ser tratada de qualquer jeito, se acostuma com o mínimo e até se submete a humilhações. Vive de forma passiva — não reage quando é agredida verbalmente, sofre assédio moral, é traída por amigos, familiares ou parceiros — porque acredita que não merece mais do que aquilo.

Existe uma série de consequências quando alguém carrega essa mediocridade emocional. A pessoa ainda não compreendeu que tem valor, que é valiosa. E, por isso, se acostuma com pouco. Às vezes, até se sente mal em cobrar algo do mundo ou em se posicionar de maneira firme, com medo de parecer arrogante.

Essa mediocridade emocional é uma barreira poderosa, e desconstruí-la leva tempo. Leva tempo para alguém que cresceu com a mentalidade de escassez entender que é valioso, que merece mais.

Eu gosto de dizer que todas as pessoas são valiosas, mas o que realmente faz diferença é como elas se mostram para o mundo.

Quando você não se sente merecedora, quando ainda vive sob a influência dessa mediocridade emocional, as pessoas tendem a enxergá-la como alguém frágil, uma “pária” social — alguém que pode ser pisado. E não, isso não é justo. Mas é real.

Por isso, precisamos aprender a nos defender emocionalmente, a colocar limites e a reconhecer o próprio valor. Só assim conseguimos impedir que o mundo e as pessoas determinem quanto valemos.

2. A mediocridade intelectual

A mediocridade intelectual é, basicamente, quando a pessoa não busca evolução. Ela permanece vivendo no automático, imersa em uma ignorância confortável, sem curiosidade por aprendizado. Vive uma vida anestesiante, compensando o excesso de trabalho com diversões superficiais no fim de semana ou se satisfazendo com aprendizados rasos.

E hoje, com a internet, essa mediocridade é ainda mais gritante. A rede nos dá acesso a um universo de conhecimento e cultura como nunca antes. Podemos assistir palestras, aulas, documentários, ler sobre qualquer assunto em poucos segundos. Algo que, antigamente, demandava tempo, livros e acesso a acervos limitados.

Mesmo assim, muitas pessoas ignoram essa abundância de conhecimento. Eu entendo que jornadas de trabalho exaustivas, principalmente para quem vem de uma classe que precisa garantir o pão de cada dia, podem deixar a pessoa em um estado de letargia. Mas isso não significa que a vida precise se resumir a trabalhar e buscar distrações aos fins de semana.

Existe uma cultura de desvalorização do intelectual e do clássico, e isso se tornou algo preocupante. Hoje, é comum ver pessoas sem interesse por arte, filosofia, literatura, ou até mesmo por aprofundar o conhecimento na área em que atuam. As conversas se tornaram mais rasas, pautadas no cotidiano, nas polêmicas da mídia e em opiniões de terceiros.

Grande parte do que se aprende vem de vídeos curtos, manchetes ou pequenos trechos lidos nas redes sociais. As pessoas formam opiniões com base em fragmentos e raramente se interessam por compreender a fundo o que estão opinando.

Claro que nem todos têm tempo para se aprofundar em vários assuntos, e isso é compreensível. Mas o que critico é a quantidade de opiniões sem fundamento, baseadas apenas no senso comum ou em informações superficiais.

Essa mediocridade intelectual nasce justamente do conformismo do senso comum — dessa zona de conforto mental que rejeita o aprofundamento e o pensamento crítico. Refletir exige esforço, e esforço exige abrir mão de uma parte do tempo de lazer. É por isso que pensar criticamente se tornou quase um ato de resistência: porque exige sacrifício.

Mas é esse sacrifício que constrói repertório, bagagem e clareza. E é o que diferencia quem apenas existe de quem realmente entende o mundo e o próprio lugar dentro dele.


Como aprendemos a nos tratar

Eu quero um pouco sobre como somos ensinados a nos tratar desde a infância, principalmente quando crescemos em ambientes de escassez.

Geralmente, é possível perceber que muitas pessoas têm problemas sérios de autoestima — inclusive, já comentei sobre isso em posts anteriores. Grande parte das pessoas foram rejeitadas na infância, maltratadas, ou simplesmente não tiveram os seus sentimentos validados.

Pais, familiares ou cuidadores, muitas vezes, não souberam acolher aquela criança, não entenderam suas emoções e, com isso, transmitiram a ela a ideia de que não era suficiente.

Quando essa criança cresce, há dois caminhos mais comuns: ou ela se torna um adulto frustrado e depressivo, ou se torna alguém que se trata da pior forma possível, se coloca nas piores situações, se autossabota, aceita pouco, se anula.

Obviamente, não é culpa de ninguém ter sido criado dessa maneira. Mas, a partir do momento em que você se torna adulto, com 25, 30 anos, ou mais, e ainda repete comportamentos que demonstram falta de autocuidado, é sinal de que você está errando consigo mesmo.

Ao longo dos anos, percebi que muitas pessoas são tão frustradas que não conseguem lidar bem quando encontram alguém que cresceu com amor-próprio. E eu entendo que deve ser difícil. Não é à toa que, muitas vezes, surge a desconfiança: “Ah, esse tal de amor-próprio nem existe.”

Essas pessoas olham para quem se valoriza e rapidamente as chamam de egocêntricas, porque não aprenderam o que é amor-próprio de verdade. Elas de fato, têm uma percepção deturpada da realidade, por terem sido criadas em ambientes onde foram desvalorizadas e não conseguem entender como funciona o autoamor.

E tudo bem se você foi criado dessa maneira. Tudo bem se você ainda age assim.

Mas você pode — e deve — parar por aí.

Isso não é o ideal de vida que você merece. Você merece se entender, se cuidar, se tratar com respeito e compreender que merece o melhor.

As pessoas que cresceram nesse tipo de ambiente aprenderam a se tratar da pior forma possível, ou, talvez, não da pior, mas de uma forma medíocre. Mínima.

E, sinceramente, o mínimo não é suficiente.

Todo ser humano precisa de autoconhecimento. Precisa entender quem é, se tornar verdadeiramente autêntico. O autoconhecimento dói, mas é essa dor que garante o amor-próprio.

Porque o modo como nos tratamos — acreditando que nunca vamos conseguir o que queremos, que tudo é difícil, que o outro tem mais sorte, mais oportunidades — é justamente o que nos afunda.

Esses pensamentos frustrantes não são neutros. Eles corroem.

Por isso, amar-se genuinamente é um processo de descascar as camadas grossas que aprendemos na infância: as camadas do não merecimento, da escassez, do medo da perda.

E quando nos despimos disso tudo, voltamos para nós mesmos e enxergamos, finalmente, o nosso valor. E é aí que tudo muda.

Porque quando passamos a nos ver de verdade — com compaixão, com respeito — também passamos a enxergar o outro com mais clareza.

Ter clareza sobre o que estamos fazendo conosco, sobre como estamos nos tratando mal, é extremamente necessário. Porque, às vezes, você até consegue ver o seu próprio potencial. Você enxerga o seu brilho, reconhece quem é, sente que pode mais.

Mas ainda assim, existe algo que te puxa para baixo.

E isso acontece porque o mundo, além daquilo que aprendemos com nossas famílias, também está cheio de pessoas frustradas. E essas pessoas, muitas vezes, despejam suas frustrações em todos ao redor.

A grande massa vive presa a crenças limitantes:

“isso é difícil de conseguir”,

“esse sonho é grande demais”,

“não se arrisque tanto”,

“melhor ficar onde está”.

Vou te dar alguns exemplos simples e muito comuns:

  • Você quer sair da casa ou do bairro onde mora, e logo alguém diz: “Cuidado, pode acabar indo para um lugar pior.”
  • Quando você quer comprar uma casa e fazer um financiamento? “cuidado para não se endividar.”
  • Quer realizar o sonho de viajar e conhecer outro país? “Ah, esse lugar é perigoso, pode acontecer alguma coisa ruim.”
  • Ou ainda, quando você quer melhorar sua qualidade de vida, trabalhar mais, ganhar mais, alguém fala: “Dinheiro não traz felicidade, cuidado para não se tornar ganancioso.”

Esses são exemplos cotidianos, sonhos que não são impossíveis, que milhares de pessoas já realizaram. Mas, quando alguém com mentalidade de escassez ou frustração ouve isso, ela tende a invalidar o sonho do outro. Porque invalidar o sonho de alguém não é só uma opinião, é destruir, pouco a pouco, a autenticidade de uma pessoa.

E tudo bem se, em algum momento, a gente se frustra. Isso é humano.

Mas precisamos ter muito cuidado com os paradigmas que colocamos sobre os outros.

Cada pessoa tem a sua história, o seu tempo e o seu caminho.

E cada pessoa precisa — e merece — acreditar em si mesma.

Quando você coloca uma barreira em si, ainda dá tempo de se reconstruir. Mas quando você coloca essa barreira no outro, isso pode ser ainda pior. Porque, além de se limitar, você passa a limitar quem está tentando crescer.


Como a mediocridade se tornou socialmente aceitável

É engraçado como hoje é normalizado o fato de alguém gastar bastante tempo no celular, nas redes sociais ou até serem pessoas que causam intrigas e conflitos por pouca coisa, nada que seja de fato relevante. Ninguém mais está em busca de desenvolver as virtudes.

No mundo de hoje, tudo que é verdadeiramente bom é ignorado. E tudo que não engrandece, as coisas mais rasas, são trazidas como algo de valor. Existe uma inversão de valores muito grande, e as pessoas se perderam um pouco e não entendem o que, de fato, é valioso. Existe até uma crítica as pessoas “boazinhas”.

Vou explicar o meu ponto de vista sobre esse fenômeno.

Algumas pessoas se acostumam tanto com a mediocridade que passam a não querer que as outras se sobressaiam. E isso acontece porque elas mesmas não querem mudar. Ser uma pessoa melhor, evoluir intelectualmente, espiritualmente e emocionalmente exige esforço, sacrifício e desconforto. Esse processo tem um custo.

E é justamente por isso que muita gente não quer que o outro ultrapasse essa barreira.

Quando alguém dentro de um grupo de amigos, por exemplo, se eleva, busca mais conhecimento, desenvolve inteligência emocional, amadurece, essa pessoa, sem querer, expõe a mediocridade dos outros.

E isso incomoda.

Não necessariamente por maldade, mas porque o crescimento de um revela o estancamento dos demais. É um espelho difícil de encarar.

Por isso, quando alguém começa a se destacar, sempre há uma força que tenta puxá-la de volta. É quase um fenômeno natural: toda vez que você tenta aprender algo novo, que foge da zona do “comum”, vai sentir a resistência — a força invisível da mentalidade de massa tentando te manter no mesmo lugar.

Essa mentalidade automática, de “pão e circo”, faz com que as pessoas se contentem com pouco: festas, distrações, prazeres imediatos, e deixem de buscar o que realmente traz crescimento, que é o conhecimento e a consciência de si.

É difícil querer crescer, pois toda virtude tem um custo.

  • Para desenvolver a prudência, é preciso pagar o preço da cautela, da reflexão e da análise antes de agir.
  • Para conquistar a temperança, é necessário aprender o autodomínio, moderar os prazeres e os desejos.
  • E para alcançar a resiliência, é inevitável negar a preguiça e enfrentar o desconforto das dificuldades. Porque a resiliência não é a ausência de problemas. A verdadeira resiliência é a capacidade de continuar, mesmo quando tudo parece contrário, mesmo quando a vida insiste em te testar.

Então, toda vez que você quiser subir de nível, sair da estagnação e melhorar os aspectos da sua vida, você vai se deparar com a sua própria resistência dos outros e a dos outros.

Mas nós estamos aqui para evoluir. Ser uma pessoa medíocre, viver no automático, não é justo conosco.

Sempre que você estiver nessa jornada de autoconhecimento, buscando crescer, as pessoas vão te tratar de forma diferente. Algumas podem te isolar, te ironizar, simplesmente porque você está se sobressaindo. E isso acontece porque a autenticidade brilha, ela se destaca.

Autenticidade não é sobre estética, nem sobre o que você tem, é sobre quem você é.

E nada abala mais o ego de um ser humano do que ver alguém sendo autêntico, quando ele mesmo não é. Isso dói, incomoda.

Se você tem pessoas na sua vida que te isolam ou te tratam mal por você estar sendo você — e aqui eu falo de ser você na sua melhor versão, buscando virtudes, e não normalizando erros — entenda que essas pessoas não são para você.

E sim, isso é duro. Às vezes, são pessoas de quem gostamos muito. Mas é preciso se afastar. Não significa odiar essas pessoas, mas compreender que você não pode cultivar a mediocridade dentro de si, especialmente quando está em um processo de autoconhecimento e da busca por autenticidade.

O meio em que vivemos molda o nosso caráter. Se você anda com pessoas medíocres, vai acabar se tornando uma também — frustrada, negativa, incapaz de ver o lado bom da vida.

E não estou falando de ser alienado e ver tudo como positivo, mas de enxergar a vida de forma realista: entender que há dias bons, dias ruins e dias neutros. E o verdadeiro sinal de evolução é saber atravessar todos eles com equilíbrio.

Os meios sempre me assustaram, porque eu sempre soube que, se eu estiver no meio errado, as pessoas daquele meio vão me influenciar. Isso porque, todos nós somos moldáveis.

Se você consome coisas ruins, inevitavelmente vai pensar coisas ruins. Se passa o dia assistindo filmes de terror, não tem como não carregar pensamentos negativos.

Da mesma forma, se você se cerca de pessoas que falam coisas boas, que compartilham conhecimento, que te inspiram a crescer, inevitavelmente você vai evoluir. Os meios são uma ferramenta e você precisa aprender a usá-los a seu favor.

As pessoas têm o poder de nos alavancar ou nos derrubar e o seu objetivo é construir sua mentalidade, fortalecer sua autoestima e cultivar sua autenticidade, você precisa estar diariamente perto de pessoas que também buscam o mesmo.

Porque, a partir do momento em que você dá ouvidos a quem pensa o contrário, é natural que comece a acreditar nessas vozes e desacreditar de si.


Relato pessoal: sobre limites e autenticidade

Durante muito tempo, eu não entendia por que algumas pessoas ultrapassavam os meus limites com tanta naturalidade. Comentários velados, críticas disfarçadas, ironias, tudo isso me acompanhou desde a infância. E, por muito tempo, eu achei que o problema era comigo.

Cresci em um ambiente simples, mas com uma base emocional sólida. Tive a sorte de ser criada por uma figura materna muito forte, minha avó. Foi ela quem me ensinou o valor da autenticidade e me salvou de perder minha autoestima. Só que, ao meu redor, nem todo mundo tinha recebido esse mesmo tipo de amor e validação.

As pessoas que foram tratadas com dureza, muitas vezes, reproduzem essa dureza. E, por não saberem o que é cuidado genuíno, acabam tratando os outros com ironia, competição ou desprezo. Eu demorei para entender isso.

Por muito tempo, deixei que os outros ultrapassassem meus limites, e o pior: eu nem sabia que eram limites. Até que um dia entendi que aquilo que me incomodava, que me fazia sentir pequena, era justamente o que eu não precisava mais permitir.

Hoje eu sei: ter limites claros é um ato de amor próprio. Não é sobre ser frio, distante ou orgulhoso. É sobre saber o que você merece e não aceitar menos do que isso.

Porque quem se conhece, quem se cuida e quem está em processo de evolução, não cabe mais em relações medíocres, aquelas onde a ironia é normalizada, onde o amor vira disputa, e o respeito é raro.

Relacionamentos saudáveis não te diminuem, não te colocam para baixo e nem te fazem duvidar de quem você é.

Então, se tem uma mensagem que eu quero deixar hoje, é essa: Não aceite menos do que o respeito e a verdade que você oferece.

O autoconhecimento não é um caminho fácil, mas é o único capaz de nos libertar das repetições e das mediocridades emocionais. Nunca é tarde para se conhecer, se proteger e se reconstruir.

E, por último, quero dizer: diga “não” quando for necessário.

No próximo post dessa série sobre autencidade, irei abordar sobre como estabelecer limites claros nas amizades, mantendo-as saudáveis.

Inscreva-se e ajude o blog a crescer.

 

No post anterior, abordei sobre autonegação, sobre a vontade de validação e senso de pertencimento. Enquanto existem indivíduos que praticam autonegação, em contrapartida, há aqueles que precisam estar certos o tempo inteiro. É sobre isso que quero discutir no post de hoje: a questão do controle.

No mundo, existem indivíduos que podemos chamar de egocêntricos. E o que são pessoas egocêntricas? Elas veem o mundo através de suas próprias lentes, têm dificuldade de considerar as necessidades e o ponto de vista dos outros e, muitas vezes, se colocam em posição de vítimas da situação.

Isso é diferente de pessoas autocentradas, que são focadas em si mesmas e possuem uma autenticidade fortalecida. Por serem autofocadas e possuírem certo grau de autoconhecimento, conseguem olhar para os outros de forma empática, entender as nuances dos sentimentos alheios e até melhorar os ambientes. Isso se deve justamente pela presença de inteligência emocional nesses indivíduos.


Relato pessoal: Por que ter autoestima incomoda tanto as pessoas?

Em grande parte da minha vida, fui confundida com uma pessoa egocêntrica, simplesmente porque eu tinha uma autoestima razoavelmente saudável. Sempre fui muito autocentrada, focada nas minhas escolhas e no meu crescimento pessoal. Quando um indivíduo tem uma autoestima saudável e demonstra entusiasmo pela vida, quando ele fala sobre si com naturalidade, conhece os seus defeitos e qualidades, isso pode se tornar um verdadeiro pesadelo para aqueles que estão emocionalmente adoecidos. Durante muitos anos, eu cheguei a acreditar que, de fato, era egocêntrica. Me questionei diversas vezes, sobre o pôr que o meu entusiasmo era mal visto por outras pessoas. Foi preciso passar por muita terapia para compreender que as coisas eram justamente o contrário.

Aprendi em terapia que a maioria das pessoas enxerga a realidade de forma bastante deturpada. Muitas carregam uma baixa autoestima e não fazem nada para transformá-la. Para elas, ver alguém entusiasmado e em paz consigo mesmo funciona como um reflexo doloroso: mostra o que poderiam viver, mas não têm disposição ou força para alcançar. Afinal, construir uma autoestima saudável exige esforço, dedicação e trabalho interno.

Você pode estar lendo este meu relato agora mesmo e me percebendo exatamente da mesma forma que tantas outras pessoas já me viram: como alguém egocêntrica, exibida e com vários outros adjetivos negativos. Ou, ao contrário, você pode ter sua autoestima no lugar, estar em processo de amadurecimento interno e enxergar apenas uma pessoa narrando fatos sobre a própria vida.

Ao longo da vida, durante conversas, percebia que algumas pessoas gostavam de competir em opiniões, enquanto, para mim, o diálogo sempre teve o sentido de troca de conhecimento. Por isso, eu superestimava a maturidade de alguns, acreditando que estávamos no mesmo nível de entendimento. Até que percebi que não era bem assim.

As mesmas pessoas que me chamavam de egocêntrica ou egoísta por ser autofocada, faziam isso porque não tinham autoestima — e tentavam subverter a forma como eu me enxergava.

Para ilustrar o que é um comportamento egocêntrico, vou dar um exemplo simples: imagine uma criança que aprende, sem qualquer embasamento, que determinado objeto “não presta”. Ela viu essa informação na internet e acreditou cegamente. Quando os pais a confrontam, explicando o verdadeiro propósito daquele objeto, a criança reluta em aceitar, porque está presa à crença equivocada que formou. Esse é um comportamento típico de egocentrismo: insistir em uma opinião rasa, sem buscar aprofundamento.

Trazendo para os dias atuais, vemos isso com frequência. Pessoas de diversas idades têm acesso a uma avalanche de informações, mas não buscam se aprofundar. Em uma conversa, defendem suas opiniões como se fossem verdades absolutas, mesmo sem fundamento. E quando alguém mais autocentrado, com embasamento, traz novos pontos de vista, o egocêntrico parte para o ataque com a comunicação violenta, passivo-agressiva, porque não tem argumentos sólidos.

Ao longo da minha vida, sempre vivi isso. Não estou dizendo que possuo alto nível de inteligência, mas busquei formar minhas opiniões a partir de fatos e fontes confiáveis e não de algo superficial que vi no Twitter ou em redes sociais.

Imagino que vocês também já tenham passado por situações parecidas. Conviver com pessoas assim é difícil, porque elas constroem uma realidade rasa, baseada em emoções e não em fatos. Conversar com elas é desgastante, cansativo e, no fim das contas, não nos acrescenta em nada.

Por muito tempo (e acredito que muitos de vocês também possam se identificar), encontrei diversas pessoas de diferentes idades, algumas até dentro da família ou entre amigos, que carregavam essa característica: a de acreditar que são donas da razão. Pessoas que pensam que sua opinião é sempre a correta e que, muitas vezes, até com boas intenções, querem cuidar da gente, mas do jeito delas.

A questão é que essas pessoas não escutam. E talvez essa seja a parte mais difícil: conviver com quem não está disposto a ouvir. Todos nós já nos deparamos com esse tipo de comportamento e, talvez, alguns até se reconheçam nele. E não há motivo para sentir vergonha, porque provavelmente você foi socializado dessa forma. Mas isso não significa que precise permanecer assim para sempre.

Você pode escolher ser uma pessoa mais centrada em si mesma. Porque, quando buscamos nossa cura e fortalecemos nossa autoestima, deixamos de querer controlar a “verdade universal” e de tentar controlar tudo e todos à nossa volta.


O mito de que se priorizar é ser egoísta

Diversas pessoas no mundo sofre com baixa autoestima. Por conta disso, muitas não sabem quem realmente são; elas não têm consciência de que é fundamental ser centrado e construir uma autoidentidade para viver de maneira mais saudável. E por isso, há uma crença equivocada de que alguém autocentrado — alguém que conhece seu valor e se entende — é visto como egocêntrico.

Criou-se esse contexto que não é real: egocentrismo não é sobre focar em si de forma saudável, mas sobre ter baixa autoestima, ego elevado, acreditar que apenas a sua perspectiva é correta e ignorar as necessidades do outro. E principalmente, ignorar as suas necessidades emocionais.

Há uma grande diferença entre alguém que acredita estar certa por possuir a mente fechada e alguém que está focada em si mesmo, em se desenvolver, em lidar com seus interesses. Uma pessoa autocentrada muitas vezes é humilde, ouve bastante, evita confrontos quando possível, porque sua visão é mais ampla.

Então, é comum que quem não entende o que significa ser autocentrado distorça esse conceito, transformando autenticidade em algo negativo: “essa pessoa é egoísta”, “essa pessoa só pensa em si”. Mas isso é uma falácia.


E de onde vem a vontade dos indivíduos de controlar uns aos outros?

Uma coisa que sempre observei é que muitas pessoas têm o hábito de tentar controlar tudo ao seu redor devido aos próprios descontroles emocionais. Hoje, com o aumento dos transtornos mentais, como ansiedade e outros problemas relacionados, essa necessidade de controlar os outros e o ambiente se torna uma forma de lidar com o próprio descontrole. Focar em si mesmo parece muito mais difícil do que apontar problemas nos outros, e essa desconexão consigo mesmo é extremamente prejudicial, pois essas pessoas geralmente não se enxergam.

Outra coisa que sempre observei é a necessidade constante que muitas pessoas têm de performar uma bondade. Quando um indivíduo mais autêntico diz “não”, passa imediatamente a ser mal visto. Se a pessoa não se coloca no desconforto para satisfazer a vontade do outro, é considerada desumana. Isso acontece porque, na sociedade em que vivemos, a performance da bondade foi normalizada.

Mas performar não significa ser bom ou ético. A máscara continuará sendo apenas uma máscara. Um indivíduo verdadeiramente bom não precisa provar suas intenções: suas atitudes já refletem no bom comportamento, na educação e na postura íntegra que carrega.

Pessoas controladoras carecem de amor-próprio saudável e, muitas vezes, lidam com um ego elevado. Tudo que se acumula no ego acaba tirando espaço da autenticidade, do crescimento pessoal e do desenvolvimento espiritual. Por isso, essas pessoas não se valorizam verdadeiramente. Elas acreditam que precisam agradar os outros e se veem como salvadoras, fazem o bem apenas para performar e serem reconhecidas.

No entanto, mesmo quando o objetivo é praticar o bem, é fundamental perguntar se o outro deseja essa “ajuda”. Não se pode forçar afeto e nem ajuda com conselhos inconvenientes. É preciso ouvir e respeitar o desejo do outro, pois forçar algo muitas vezes reflete a necessidade de controlar a situação e não um ato genuíno de auxílio.

Esse tema sobre controle e egocentrismo é bastante delicado, e muitas pessoas não se reconhecem como tal. O apego às próprias opiniões e a crença de que apenas a sua forma de agir é correta não é saudável. Se você se identifica com isso, é importante entender que esse caminho é perigoso. Esses apegos são armadilhas do ego. Quando você se depara com a realidade, percebe que as pessoas não concordam com você e que não tem controle sobre tudo, a fortaleza do ego pode desmoronar, e você pode se sentir abalado. É como um castelo de cartas: se uma carta cai, todo o castelo irá desabar.


O caminho para a autenticidade e a superação do ego

A proposta deste post é sobre o retorno a si mesmo, sobre recuperar a própria autenticidade. Não entre em conversas apenas para ser validado ou para provar que está certo. Foque em melhorar a si, em desenvolver sua vida, sem se prender aos erros alheios. As pessoas vão errar, independentemente de tudo.

Errar, na verdade, não é necessariamente ruim. Quem erra muito em tentativas aprende mais rápido e consegue acertar mais cedo. Quando falo em erros, refiro-me a erros na tentativa de alcançar algo. Existe uma cultura de performance, especialmente nas novas gerações, onde as pessoas tem medo de errar. Mas tudo bem fracassar uma vez, duas vezes — isso não define você como fracassado para sempre. São apenas fases do aprendizado.

Se você deseja se tornar uma pessoa mais autêntica, é preciso compreender que precisará abrir mão do controle, tanto do controle que acredita ter sobre os outros, que, na verdade é uma ilusão, quanto do controle absoluto sobre cada detalhe da sua vida. A vida seguirá seu curso, independentemente dos nossos esforços. Claro, é importante ter planejamento, um plano A, um plano B, mas precisamos romper a ilusão do controle, pois frustrações surgirão, e elas existem justamente para nos aperfeiçoar como seres humanos.

Quando alguém desenvolve autenticidade e se entende dentro do universo e da sociedade, não entra em conversas apenas para ser validado. Não sente a necessidade de provar que está certo, porque compreende que suas opiniões podem ser pequenas, momentâneas ou nem sempre bem fundamentadas. Opiniões podem mudar, e isso não diminui a autenticidade de alguém. Pelo contrário, demonstra que uma pessoa autêntica sabe se adaptar ao novo e agir conforme o que entende ser melhor para sua vida.

Vejo que muitas pessoas têm medo de serem elas mesmas por conta de crenças negativas e limitantes. Pensam, por exemplo, que se colocarem em primeiro lugar serão egoístas ou deixarão de ser caridosas. Mas isso é uma grande mentira. Se você não se priorizar, não conseguirá amar genuinamente ninguém, nem sentir empatia ou compaixão de verdade. Primeiro precisamos sentir isso por nós mesmos para, depois, compreender o outro.

Muitas crenças bloqueiam nosso desenvolvimento de autenticidade, e quebrá-las exige prática diária. Não é algo que acontece da noite para o dia. Essas mudanças de mentalidade precisam se tornar hábitos, durante momentos de reflexão, meditação, ou quando você está sozinho pensando sobre a vida, debatendo consigo mesmo, reconhecendo suas falhas e aceitando seus acertos. Tudo isso exige esforço, e é por isso que muitas pessoas preferem manter a máscara social a viver plenamente sua autenticidade.

Quando falo de autenticidade, não quero dizer que você deva agir com vícios ou maus hábitos naturais da sua personalidade. Ser autêntico é ser ético, educado, respeitoso e consciente dos limites dos outros. Você pode ser você mesmo e ainda assim conviver em sociedade, aceitando que as pessoas são diferentes, e isso é saudável. Não há problema em se cercar de pessoas com temperamentos parecidos com o seu, mas o problema surge quando queremos ser validados mesmo tendo um mal comportamento, ou quanto tentamos controlar os outros, mesmo quando eles deixam claro o que desejam. Isso atrasa a nossa vida, porque vivemos tentando assumir o controle de algo que nunca foi nosso.

O intuito deste post é trazer reflexões sobre o tipo de vida que você tem vivido. Você tem se colocado em primeiro lugar, cuidando de si e controlando aquilo que diz respeito a você? Ou está olhando demais para os outros, focando no externo, esperando demais do que vem de fora e se deixando de lado?

Convido vocês a lerem os posts anteriores, pois a ler na sequência contribui para entender melhor a linha de raciocínio que estou trazendo. Cada post funciona como um capítulo, pensado para que um complemente o outro.

No mais, gostaria de dizer que o mundo não vai parar por nossa causa. Somos seres pequenos diante do universo, e se reconhecer como tal é o primeiro passo. Mas, por mais que não sejamos tão significativos no contexto universal, isso não significa que dentro do nosso próprio universo, do nosso consciente, não possamos nos tornar algo grandioso. Podemos nos tornar pessoas que admiramos, e, se conseguirmos nos admirar, acredito que isso já é suficiente.

Espero que vocês tenham gostado deste post e continuem me acompanhando, pois trarei um novo assunto para refletirmos juntos.

Posts mais antigos

Oi, sou Nick!


Oi, sou Nick!

Sou escritora, formada em Licenciatura em Letras e tenho me aprofundado em Sociologia e Filosofia. Atualmente, atuo na área de Marketing, explorando estratégias, comunicação e comportamento humano. Minha trajetória é guiada pela busca constante por conhecimento, reflexão crítica e conexão entre ideias, pessoas e contextos sociais.


Siga

Seguidores

Entre em contato

Nome

E-mail *

Mensagem *

Inscrever-se

Postagens
Atom
Postagens
Comentários
Atom
Comentários

Mais vistas da semana

  • [Indicações de Jogos] Jogos nostálgicos que marcaram a minha infância
      Não é novidade nenhuma que eu amo o mundo dos games , tanto jogos para celular , videogames e PC , por isso, neste post resolvi falar um p...
  • Dicas de Escrita Criativa | O que decidir antes de escrever um livro?
    Antes de escrever um livro, você precisa ter um planejamento pronto. Eu já falei sobre isso em um post sobre como organizar o seu livro . Ta...
  • [Dicas de Publicação] O passo a passo para quem deseja publicar um livro
    Após escrever uma história, o(a) autor(a) deseja publicar desesperadamente o seu livro. Hoje, eu trouxe um post explicando o passo a passo, ...
  • Dicas de Escrita Criativa | Como aumentar o conflito da sua história
      Vocês sabem que eu sempre falo sobre o quanto o conflito é importante na história, se não é o elemento mais importante, e vou sempre conti...
  • [Resenha Doramas] Meteor Garden | 流星花园
      Título: Meteor Garden | 流星花园 Emissora: Hunan TV País: China Ano: 2018 Sinopse: Shan Cai é uma garota de 18 anos que vem de uma famíli...
  • [Dicas de Publicação] Dicas de diagramação para livros impressos
    A arte gráfica do livro, trata-se de um trabalho editorial mais elaborado. Cada livro pode ter designs diferentes, mas é importante manter a...
  • [Resenha] Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres, Clarice Lispector - Um livro sobre autoconhecimento
    Livro: Uma Aprendizagem ou O Livro Dos Prazeres Autor: Clarice Lispector Editora: Folha de S. Paulo Sinopse: Uma aprendizagem ou o livro dos...
  • [Resenha Dorama] Genie, Make a Wish | 다 이루어질지니
      Título: Genie, Make a Wish | 다 이루어질지니 Emissora: Netflix País: Coreia do Sul Ano: 2025 Sinopse:  A fria e impassível Ka Yeong passou a vi...
Siga-me no @INSTAGRAM

Criado por Nick Exaltação