[Resenha] Parasita, Bong Joon-ho - A desigualdade sul-coreana contada através de uma narrativa surpreendente e nada engessada
Filme: Parasite
Diretor: Bong Joon-ho
Sinopse: Toda a família de Ki-taek está desempregada, vivendo em um porão sujo e apertado, mas uma obra do acaso faz com que ele comece a dar aulas de inglês a uma garota de família rica. Fascinados com a vida luxuosa destas pessoas, pai, mãe e filhos bolam um plano para se infiltrarem também na família burguesa, um a um. No entanto, os segredos e mentiras necessários à ascensão social custam caro a todos.
“Ela é tão ingênua, e legal. Ela é rica, mas ainda é legal.”
Eu assisti Parasita no cinema do Shopping Paseo aqui em Salvador e trouxe a resenha para vocês.
Se vocês me seguem nas redes sociais, sabem o quanto eu gosto e consumo a cultura coreana, por isso quero resenhar o filme explicando alguns costumes da Coréia do Sul.
Parasita conta a história da família Kim, onde os personagens vivem em um apartamento apertado, praticamente no sótão, repleto de problemas e em condições precárias. Vivendo de várias gambiarras, é evidente que ninguém da família consegue emprego e precisam fazer diversos bicos para sobreviver.
Ki-woo (Choi Woo-shik - atuou em Invasão Zumbi e Okja), o filho mais velho da família é recomendado pelo seu amigo Min-hyuk (Park Seo Joon - Hwarang e What's Wrong with Secretary Kim), para trabalhar no seu antigo emprego como tutor de uma menina de família rica, pois Min-hyuk vai estudar no exterior. Ki Woo sabe falar inglês, mas como nunca foi para a universidade por falta de dinheiro, ele e a irmã Ki-jung (Park So Dam - Cinderella and Four Knights e Beautiful Mind) falsificam um diploma de uma boa Universidade e conseguem enganar a matrona da família Park.
Além disso, Ki-woo também consegue um emprego para Ki-jung, percebendo que pode contar mais mentiras e enganar a família Park. Ki-jung se passa por Jennifer, uma professora de arteterapia que deve auxiliar o filho mais novo do casal Park.
Os irmão desenvolvem uma trama de mentiras ainda maiores e conseguem empregos para os dois pais Ki-taek (Song Kang-ho - Expresso do Amanhã e The Face Reader) e Choong-sook (Jang Hye-jin - Family Affair e Mothers) e é a partir disso que a trama se desenrola.
Agora quero falar sobre alguns pontos que me chamaram atenção no filme e a partir daqui, terei que dar alguns spoilres:
O filme a todo momento faz críticas fortes, principalmente ao sistema de classes. O diretor às vezes nos conduz para cenas absurdas, mas que não estão de todo longe da realidade. De um lado temos uma família Kim, lutando para sobreviver e com as mazelas da vida, perdendo toda a sua ética e dignidade, encontrando caminhos obscuros para subirem os degraus da vida, e do outro, a família Park, que não se importa com nada ao seu redor, nunca olha para baixo e sabe exatamente o seu lugar no mundo.
Não se engane sobre a crítica do filme ser somente relacionada a família Park, pois é perceptível o quando o diretor mostra a perda da ética, consequência da pobreza e marginalidade. Mas a família Park não fica atrás e há todo um sistema além disso, principalmente na sociedade coreana, onde as famílias de Chaebols (é o termo coreano que define um conglomerado de empresas em torno de uma empresa-mãe, normalmente controladas por famílias, tais como Samsung, Hyundai e LG) possuem subsídio do governo e jamais enfrentaram nenhuma dificuldade como as que a família Kim passou. No fim, a família Kim é como muitas outras, que por necessidade, dão golpes para sobreviver.
O mais surpreendente em Parasita é que você nunca sabe o que vai acontecer a seguir, cada cena é desenhada para nos impressionar. E como toda narrativa coreana, comédia, drama e suspense não faltam. Inclusive o bom e velho hábito dos coreanos sentarem em uma barraca de rua e beberem o famoso Soju (bebida destilada coreana) não ficam de fora das cenas.
Ao longo do filme, percebemos também que a família Kim percebe o modo de vida mais fácil e descomplicado da família Kim e isso vai gerando um desconforto. Eles até se perguntam o porquê do senhor Park e a esposa serem tão inocentes, já que estão sendo enganados.
Bong Joon-ho é bastante realista e traça um retrato crítico da realidade sul-coreana sobre a desigualdade na trama e é perceptível porque foi premiado com quatro Oscars.
Os atores estavam incríveis e sou suspeita para falar sobre a atuação da Park So-dam, pois já era fã de outros trabalhos da atriz.
No mais, há diversos filmes e doramas coreanos que são tão bons quanto Parasita e terei o maior prazer de indicá-los em breve. Vocês vão adorar conhecer tramas policiais, de guerra e até de épocas.
Não esquece de deixar o seu comentário, pois é muito importante para o meu trabalho.
Até a próxima!
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