[Resenha] O Curioso Caso de Benjamin Button, F. Scott Fitzgerald - A realidade social preconceituosa e que reprime a auto-aceitação
Livro: O Curioso Caso de Benjamin Button
Autor: F. Scott Fitzgerald
Editora: Folha de S. Paulo
Sinopse: Nascer, crescer, envelhecer e morrer são etapas de todo destino e só a ficção permite imaginar outros rumos. F. Scott Fitzgerald fantasiou a inversão da seta do tempo em O curioso caso de Benjamin Button, a saga de um homem que nasce velho e morre bebê. O autor conquistou fama aos 23 anos com um romance sobre a ascensão de um jovem, como ele, impaciente para conquistar o mundo. Logo encontrou mais de um estímulo para assumir o papel de ícone de uma era, os anos 1920, louca, impulsiva e acelerada. Uma nota em seu diário diz: "A felicidade depende do bom desempenho das funções naturais, exceto uma envelhecer". Sua morte, aos 44 anos, exemplifica o lema viva rápido, morra jovem, um modo até hoje eficaz de alcançar a imortalidade. O curioso caso de Benjamin Button, publicado em 1922, combina fantasia e realismo para anunciar a busca por rejuvenescimento que convertemos em obsessão. Não falta, porém, melancolia a esta fábula que inverte a cronologia para concluir que no fim das contas tanto faz ganhar ou perder.
“Para as coisas importantes, nunca é tarde demais, ou no meu caso, muito cedo, para sermos quem queremos. Não há um limite de tempo, comece quando quiser. Você pode mudar ou não. Não há regras. Podemos fazer o melhor ou o pior. Espero que você faça o melhor. Espero que veja as coisas que a assustam. Espero que sinta coisas que nunca sentiu antes. Espero que conheça pessoas com diferentes opiniões. Espero que viva uma vida da qual se orgulhe. Se você achar que não tem, espero que tenha a força para começar novamente.”
Em O Curioso Caso de Benjamin Button, o escritor americano F. Scott Fitzgerald traça um curioso episódio onde a vida do personagem Benjamin acontece de trás para a frente.
O livro conta a história de Benjamin, filho do senhor e da senhora Button, que espera a chegada do seu primeiro filho e para a surpresa do casal Button, que recebe olhares de censuras de todos, se deparam com um filho idoso, aparentando ter setenta anos de idade.
Enquanto todas as crianças crescem e envelhecem, o protagonista vive a anormalidade do rejuvelhecimento à medida que o tempo passa.
Apesar da diferença da ordem natural das coisas, o autor descreve situações presenciadas por Benjamin que são determinantes na vida de qualquer ser humano como a dificuldade de interação na infância, o bullying, o primeiro amor, a falta de atenção dos pais, a imaturidade e a dificuldade de lidar com a vida. Acredito que a narrativa por ser de trás para a frente, faz com que percebamos o impacto desses acontecimentos na nossa formação.
Benjamin, que não tem uma boa relação com o pai e a todo momento espera pela sua aprovação, se torna cada vez mais carente de afeto na sua juventude, o que seria o final da sua vida. O seu pai, além de não aceitá-lo logo de cara, só o faz no meio da vida do filho, quando este já possui méritos.
Mesmo Benjamin, que já nasceu velho e maduro, tenta se enquadrar nos padrões estabelecidos pela sociedade americana: faz uma faculdade, serve na guerra, se casa, tudo isso em busca de uma aceitação social constante.
Fitzgerald deixa claro em sua narrativa, que a história se passa em um período onde a sociedade era insuportavelmente exigente sobre padrões de vida e ter status social significava possuir uma vida correta e em equilíbrio, por isso para chocar os leitores, ele cria essa narrativa de vida e morte às avessas. A todo momento, Benjamin sofre desprezo e vergonha, que são expressados por seu pai e até mesmo pelo seu próprio filho.
A história enfim é sobre preconceito. Pois, ao contrariar aquilo que se espera de uma narrativa considerada “normal”, o autor escancara o fato de que não há maneiras da sociedade deixar de ser preconceituosa.
Ao final, a mensagem do livro é sobre auto-aceitação e coragem para mudar as regras que impõe sobre nós.
Essa foi a resenha de hoje e se você gostou, deixa aqui nos comentários a sua opinião.
Até a próxima!
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