Diário de uma escritora - O que o consumismo fez comigo. Acabando com o vicio das compras.


Diário de uma escritora é um novo quadro que quero colocar aqui no blog, para trazer mais sobre as minhas experiências pessoais. E hoje quero falar sobre o consumismo e o que aconteceu comigo.

Eu tenho me livrado e me desapegando de algumas coisas que não quero mais. Ouvi dizer que isso faz com que novas coisas boas cheguem.

Sempre fui uma pessoa muito consumista, o fato de ter vindo de família pobre contribuiu para isso. Tudo sempre era muito escasso e eu nasci em uma geração onde as crianças queriam ter os brinquedos, os materiais escolares, os livros e os videogames. Eu não tive nada disso. Não foi culpa dos meus pais, eles fizeram o melhor que podiam na época. 

Inconscientemente aos meus 18 anos, que foi quando eu comecei a trabalhar, resolvi que daria tudo o que gostava. Eu teria as roupas, os livros, os videogames, as maquiagens e muitos outros itens que o mundo consumista empurra para o nosso cérebro. Eu fui muito consumista nesses últimos anos, não vou dizer que não ajudou a minha autoestima, porque ajudou muito. Eu me mimei e me dei tudo o que eu gostaria de ter, até o momento que o consumismo passou a não ser mais saudável e se tornar um vício incontrolável.

Eu não comprava as coisas porque gostava delas, eu queria ter a sensação da compra. Eu colocava toda a minha ansiedade em consumir e experimentar coisas que não contribuem em nada para o meu crescimento. Não vejo nada de errado em querer ter as coisas, mas vi o meu erro quando eu comprava e nem ligava mais para o produto, era por puro impulso. Isso poderia ter me levado à falência completa.

Eu perdi muita coisa por causa desse quadro de consumismo. Eu poderia ter feito viagens, poderiam ter saído mais. Foi na pandemia que isso se intensificou. Quando eu comecei como influenciadora, eu ganhava ainda mais produtos que eu nem queria, e chegou num ponto que não tinha onde guardar tantas coisas. 

Óbvio que muita gente me avisou sobre o meu vício, e me alertou. Quem disse que eu dei ouvidos? Sinceramente, eu não sei onde estava com a cabeça. Estava alimentando a minha ansiedade e só pensava em comprar. A minha ansiedade e compulsão pelas compras afetou outras pessoas e eu acabei perdendo coisas abstratas que eu não queria perder.

Hoje, eu não estou mais comprando, foi um baque para mim ter visto algumas pessoas perderem a fé em mim, por conta do meu consumismo. Eu tenho doado muitas das coisas que comprei por impulso, e ganhei. Geralmente, ajudo a minha avó, doando esses objetos para que ela possa fazer rifas e bingos para arrecadar dinheiro e comprar os remédios que ela e meu avô precisam.

Não sei se finalmente aprendi a lição. Desapegar é difícil e parar a compulsão é ainda mais difícil. Mas eu imaginei como seria a minha vida se continuasse comprando sem parar. Me tornaria uma acumuladora, e nunca vivenciaria experiências como viagens (eu nunca saí do país, e é meu sonho).

Decidi que não quero ser mais essa pessoa. Não quero me apegar ao material. Percebi que me apegava ao material para não me apegar às pessoas, porque sempre sentia que poderia incomodar alguém  (isso é sobre a fobia social, posso escrever sobre isso depois aqui no blog). Mas que saber? Qualquer tipo de apego é errado. Eu tenho praticado o desapego e tem sido ótimo.

Realmente tem coisas que não tem como não termos, coisas primordiais de uma casa por exemplo. Mas eu não preciso ter várias coisas para me sentir feliz, hoje eu sei disso. Sigo um dia de cada vez, desapegando de objetos, de pessoas, da saudade que eu sinto da minha infância e de coisas que eu não vivi. 

A verdade é que nesse mundo é muito difícil se manter sã, somos sempre ansiosos contra o tempo, em busca de algo que nem mesmo sabemos. Mas uma coisa que eu aprendi com tudo isso, é sobre ser grata pelo que eu já tenho, tanto concreto ou abstrato, ter muita gratidão e vontade de crescer na vida. Não me apegar a nada, pois tudo passa e o que realmente fica são as boas memórias.


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