[Resenha] Rainha do Ar e da Escuridão, Cassandra Clare - Porque eu não gostei do enredo da série os Artifícios das Trevas! Com spoilers.



O livro Rainha do Ar e da Escuridão finaliza a série os Artifícios das Trevas e com ela se vai todas as minhas expectativas frustradas sobre a trilogia, onde os caçadores de demônios se tornam mais uma vez caçadores de Shadowhunters.
Confira abaixo a resenha desse livro da rainha Cassie, com muitos spoilers:




Sinopse:

Rainha do Ar e da Escuridão é a conclusão épica para outra grande trilogia do universo de Instrumentos Mortais da autora best-seller Cassandra Clare.

Sangue inocente foi derramado nos degraus do Salão do Conselho, e o mundo dos Caçadores de Sombras se encontra à beira de uma guerra civil. Parte da família Blackthorn foge para Los Angeles, em uma tentativa de descobrir a origem da doença que está acabando com os bruxos. Enquanto isso, Julian e Emma tomam medidas desesperadas e embarcam em uma perigosa missão para o Reino das Fadas a fim de recuperar o Volume Negro dos Mortos. O que encontram é um segredo capaz de destruir o Mundo das Sombras e abrir um caminho tenebroso para um futuro que nunca poderiam ter imaginado. Em uma corrida contra o tempo, Emma e Julian devem salvar o mundo dos Caçadores de Sombras antes que o poder mortal da maldição parabatai destrua tudo o que amam.

O plot dos personagens foram de cara o ponto mais positivo da série. Cassandra Clare sabe fazer um arco do passado dos seus personagens como ninguém e nos seus livros não faltam diversidade de gênero, de etnias e personagens carismáticos que também estão fora de padrões sociais.
Gostei muito do casal Emma e Julian, do amor, amizade e cumplicidade dos dois, e Jemma excedeu as minhas expectativas.
Confesso que antes da série ser publicada eu imaginava Emma como uma personalidade mais durona e fria, mas a forma com que a Cassandra moldou a sua personagem ficou perfeita e muito melhor do que como eu pensava. Emma é durona e possui um coração quente onde compartilha um pouco com todos os seus amigos. E Julian me surpreendeu da mesma forma com os seus dons para maquinações e ao mesmo tempo, sendo cuidadoso com todos.
Como descrever os Blackthorns?
É praticamente impossível dizer o quanto eu amei todos eles, o quanto chorei com a morte de Livy, com Ty tentando ressuscitá-la, Drussila sendo uma garotinha tão forte e responsável e Tavy tão fofo! Mark e Cristina com personalidades incríveis e Diana, uma mulher forte e guerreira, Shadowhunter!
Amei também reencontrar os meus personagens favoritos de Os Instrumentos Mortais e das Peças Infernais e conhecer novos personagens com os seus dilemas.




Em relação ao que considero ser os pontos fracos da série:

  • o plot principal: desde o início em A Dama da Meia-Noite o enredo principal não me convenceu. A trama não foi muito bem amarrada e aconteceram tantas reviravoltas que para mim a leitura foi cansativa. Para ser sincera eu não vi a necessidade da Cassandra fazer um enredo com tantas amarrações, por mais que tudo tenha uma explicação.
  • os múltiplos vilões: foram tantos vilões nessa trilogia que eu fiquei perdida sobre quem era o vilão principal (pelo jeito não tinha principal). Desde Malcolm, Annabel, Rainha Seelie, Rei Seelie, Horace, Manoel, Zara, entre outros. Até mesmo Sebastian aparece nesse livro! Nenhum desses vilões tinha uma personalidade boa o bastante, Annabel é extremamente apática e mesmo quando desenvolveu uma afeição por Ash, foi sem motivo nenhum. Horace e Zara são políticos sem sal, a Rainha Seelie não era tão temível e o Rei Seelie foi morto muito rápido. Eu entendo o propósito de Horace na trama, acredito que Cassie fez bem em mostrar o lado sombrio da Clave e desde os Instrumentos Mortais ela demonstra que os Shadowhunters sendo protagonistas da série, também são um povo com preconceitos, mas Horace nem de longe foi o seu melhor vilão.
  • Outro ponto importante é sobre Ash e o plot de Thule. Porque colocar um filho de Sebastian na história? Porque reviver vários plots dos Instrumentos Mortais? Sendo a minha série favorita de livros, eu esperava que ficasse intocada. Não acho que havia necessidade de pôr um plot de Sebastian novamente, tornando a história muito mais longa e cansativa. Consigo ver somente um único motivo para Cassandra criar o personagem do Ash, provavelmente ele pode ser apresentado em The Wicked Power, a quinta saga que será lançada sobre o mundo dos Shadowhunters.
  • personagens sem arcos fechados: já sabemos que a Cassie escreve diversas séries amarradas nas outras, porém caso alguém que nunca tenha lido nada do universo dos Shadowhunters começasse pela série Os Artifícios das Trevas, seria um pouco difícil entender porque tantos personagens da série não tem final (seria chato ter que dizer que para ver o arco de muitos dos personagens, é necessário acompanhar quase todo o conteúdo que a Cassie produz sobre o Shadoworld).
  • personagens das outras séries: eu amo os personagens dos Instrumentos Mortais e das Peças Infernais, havia mesmo a necessidade de incluir Jace, Clary, Simon, Izzy, Tessa, Jem, etc em Os Artifícios das Trevas também? Cassandra poderia seguir com os seus novos personagens, mas ela insiste em trazer arcos de personagens das suas séries antigas e isso se torna desgastante por saber que eles nunca terão um final. Se fosse apenas uma menção. Esses personagens não só são mencionados como também tem suas visões pelo narrador e Cassandra acaba pecando pelo excesso, pois tira o foco dos personagens principais da série e gera tantas tramas alternativas desnecessárias que não contribuirão em nada com a trama principal.
  • o desfecho de Emma e Jules: foi mais um ponto que não gostei de ler. O fato deles passarem por tantas coisas como Parabatai e depois no final o laço ter sido quebrado. Cassandra poderia ter explorado mais a maldição Parabatai e criado um desfecho satisfatório.A guerra final com a Tropa foi algo que me agradou até certo ponto, porém quando Emma e Jules se transformaram em gigantes angelicais tudo terminou em um piscar de olhos. Nem foi exatamente uma guerra e acredito que é um dos piores desfechos do livro da autora.
Considerações finais:

Eu senti como se o enredo da série Os Artifícios das Trevas não tivesse sido planejada e o único planejamento feito foram os arcos individuais dos personagens. Diversas vezes vemos tramas sendo recicladas das outras histórias da autora e personagens muito parecidos com protagonistas das outras séries.

Agora resta saber se as novas séries da Cassandra Clare seguirão da mesma forma, trazendo diversos pontos de vistas de muitos personagens secundários que às vezes não acrescentam ao enredo, e fazendo links para outras séries que ainda não existem. Acredito que isso foi o que mais me desagradou em Os Artifícios das Trevas, pois as minhas expectativas para essa trilogia eram altas, desde quando a Cassandra anunciou que haveria uma terceira trilogia dos Shadowhunters.

Afirmo novamente que na minha opinião são os personagens que salvam essa série com a sua diversidade, pois Cassie retrata personalidades que compõem grande importância social para os leitores, e dentre muitos autores esse é o seu ponto forte. Eu esperava mais lutas com demônios e lâminas serafins. Apesar de tudo gostei muito de ler  sobre o plot das fadas e de me aventurar nos reinos Seelie e Unseelie. Esse não foi o meu livro preferido, mas a Cassandra Clare segue sendo a minha autora favorita e uma fonte de inspiração para mim.

Acredito que a Cassie precisa somente deixar para trás as suas tramas repetitivas, principalmente o embate contra somente os seres do submundo e deve focar de uma vez na verdadeira essência dos Shadowhunters: a caça aos demônios.

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