[Resenha] Ás de Espadas, Faridah Abike-Iyimide - Um Thriller sobre racismo estrutural, homofobia e privilégio de classes
Livro: Ás de Espadas
Autor(a): Faridah Abike-Iyimide
Editora: Plataforma21
Minha Avaliação: ⭐⭐⭐⭐
Sinopse: Quando Chiamaka e Devon, alunos da Academia Particular Niveus, são selecionados como parte da alta hierarquia escolar e passam a ser chefes de turma, parece um excelente começo de ano para os dois. Afinal, isso representa muito em seus currículos para entrar em boas universidades. Pouco tempo depois da importante nomeação, no entanto, alguém chamado “Ases” começa a enviar mensagens para todos os alunos da escola, revelando segredos dos dois jovens. São detalhes íntimos de suas vidas, ameaçando seus futuros planejados com tanto esforço. E o que parecia apenas uma brincadeira de mau gosto rapidamente transforma-se em um jogo perigoso e assustador. Com todas as cartas contra eles, Chiamaka e Devon serão capazes de parar Ases? Suspense intenso, Ás de espadas é uma contundente crítica social que escancara o racismo, a homofobia e o preconceito de classe ainda presentes na nossa sociedade, colocando Faridah Àbíké-Íyímídé entre as mais importantes vozes da atualidade.
"Dizem que amor e ódio são a mesma coisa, apenas lados diferentes da mesma lâmina."
Resenha:
Ás de Espadas é um suspense Jovem e livro de estreia da autora Ìbíké-Íyímídé. Se você gosta de livros de suspense que se passam em colégios, como Pretty Little Liars e Gossip Girl, certeza que vai gostar desse livro. O grande diferencial é Ás de Espadas conta a história de dois alunos negros, Chiamaka, que é aluna prodígio do colégio Niveus, e Devon, que sempre se mantém nas sombras do colégio, é bolsista e um dos únicos alunos pobres.
Niveus é uma escola particular de elite que costuma colocar seus alunos nas melhores universidades, e como era de se esperar, Niveus é cheia de alunos brancos e padrão.
Chiamaka é uma garota rica e perfeccionista, que sempre busca ser a melhor aluna e a menina mais popular da escola. Ela ralou muito para chegar ao topo e deseja conquistar tudo que almeja.
Devon é tímido e não se sente confortável convivendo no meio dos alunos ricos. A única coisa que ele gosta da escola é a aula de música e seu grande sonho é entrar em Juilliard, a melhor escola de música dos Estados Unidos. A mãe de Devon é mãe solteira e tem mais dois filhos além dele. Ela se esforça muito para mantê-lo na escola, pois deseja que o filho tenha uma vida melhor. Eles moram em um bairro perigoso, onde tudo é diferente de Niveus.
No último ano da escola, Chiamaka e Devon são selecionados como parte da alta hierarquia escolar e passam a ser chefes da turma - o vai agregar muito nos seus currículos para entrar nas boas universidades. Porém, o que deveria ser um ano tranquilo se torna um terror por conta de uma pessoa, autointitulada "Ases".
Ases espalha os segredos de Chiamaka e Devon pelos corredores da escolha, e transforma a vida dos dois em um inferno. No começo, os ataques parecem se tratar de bullying, mas com o tempo e com o horror da perseguição, eles percebem que as coisas são piores do que pensavam.
A cada capítulo, as vozes narrativas são intercaladas para que o leitor possa acompanhar a história sob o ponto de vista de Devon e de Chiamaka. Por mais que se trate de um livro jovem, a autora traz críticas sociais importantíssimas sobre o racismo estrutural, homofobia, privilégio de classes.
Com a personagem Chiamaka, a autora aborda muito sobre a solidão da garota negra, a misoginia, a aceitação do próprio cabelo etc. Já com o Devon, a autora aborda sobre o racismo escancarado por ele ser um aluno negro e pobre em uma escola cheia de privilégios brancos de elite, e também a homofobia.
Além disso, o livro fala explicitamente sobre como a vida deles é moldada para não receber os mesmos privilégios que os brancos, mesmo trabalhando duro, existe uma estrutura toda pronta para derrubá-los e atrapalhar os seus futuros. Incomoda ler as injustiças que os dois protagonistas passam, e entender que isso acontece todos os dias com outras pessoas.
Eu gostei muito do final do livro, é um livro de leitura fácil e rápida. Creio que o único ponto que achei estranho, foi a demora dos dois protagonistas perceberem que eles eram os alvos de Ases, porque se tratava de racismo. Talvez seja fácil para quem lê o livro e vê de fora entender esse ponto, e acho que foi até proposital a autora ter colocado dessa forma. É provável que o intuito da autora era mostrar que o racismo é tão absurdo, que os protagonistas não acreditaram que aquilo estava mesmo acontecendo.
Eu recomendo muito essa leitura, simplesmente amei!
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